Tema foi discutido em mesa oferecida pela Coca-Cola na Conferência Ethos do Rio de Janeiro
A Coca-Cola, parceira institucional do Ethos e patrocinadora da Conferência Ethos 360º Rio de Janeiro, facilitou uma mesa sobre práticas para promoção da Equidade de Raça e Gênero. O debate “Por que uma coalizão pela equidade racial e de gênero?” tratou de iniciativas para promoção da diversidade já trabalhadas em empresas como a própria Coca e a White Martins a fim de estimular outras empresas a promoverem a diversidade.
A iniciativa foi baseada na Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero, iniciativa do Ethos e do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) que tem como objetivo mudar o cenário da desigualdade racial e de gênero nas empresas do Brasil, constatada pelo Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas, do Ethos. Segundo o estudo, seriam necessários 70 anos para alcançarmos a equidade de gênero e 150 para a equidade racial. “A coalização quer, junto a empresas, acelerar a mudança desta realidade”, apresentou Caio Magri, diretor presidente do Instituto Ethos.
A convidada Anna Paula Rezende, diretora executiva de Talentos e Sustentabilidade da White Martins, compartilhou as iniciativas e os resultados já colhidos na promoção da equidade de raça e gênero na empresa. O primeiro passo foi a sensibilização e treinamento da alta direção e das lideranças das áreas da empresa para as questões da diversidade. Após este processo foi criado um comitê de diversidade que estimula e acompanha a implementação de políticas de incentivo e seus resultados. “Este foi um passo importante para a White Martins. A empresa tem mais de 100 anos no Brasil e passou cerca de 100 anos sem mulheres nos cargos de liderança”, apresentou Anna Rezende.
Entre as políticas já implementadas pela White Martins estão processos específicos para contratação de mulheres e negrxs, como a adoção de critérios de diversidade nos processos seletivos e a aproximação das famílias dos jovens que querem atingir. “Algumas vezes, a própria família desestimula o jovem em situação de vulnerabilidade a não participar dos processos, por acreditar que eles não têm chance. Portanto, começamos a trazer as famílias dos jovens para dentro da empresa”, apontou a diretora de Talentos e Sustentabilidade.
Sobre a questão da entrada dxs jovens negrxs no mercado de trabalho, Anamarina Abrantes, mulher, negra e trainee na Coca-Cola Brasil, compartilhou a sua experiência. Ao contar a própria história, a trainee abordou temas como racismo na infância, a falta de representatividade negra, a dificuldade financeira da família e o incentivo dos pais até a chegada na universidade e o processo de seleção na Coca-Cola Brasil. Anamarina compartilhou as práticas que a Coca-Cola implantou para incentivar a diversidade em seus processos seletivos, em especial o de trainee: “A Coca tirou os critérios ‘excludentes’ como a experiência no exterior, inglês fluente, excel avançado. Oportunidades que a maioria dos jovens negrxs brasileiros não têm e que acabam por excluí-los antes mesmo de chegarem ao processo de seleção em si. Com isso, no processo em que participei, tinham muitos jovens negros, fiquei muito feliz em ver”.
Anamarina finalizou sua fala apontando que “a Coca deu um passo pequeno em prol da equidade racial e de gênero e deve alargar estes passos, provendo, ainda mais, a equidade em outros níveis da organização, principalmente agora com o desafio colocado a partir do ingresso na Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero”.
Ao final da mesa de discussão, Cida Bento, do CEERT, destacou um ponto desafiador quando a temática é inclusão racial e de gênero nas empresas “É preciso lembrar que é necessário ter atenção redobrada à situação das mulheres negras, que acabam por sofrer tanto pela questão de gênero, quanto pela questão racial”.
Conheça a Coalizão Empresarial para Equidade Racial e de Gênero aqui.