Na Conferência Ethos, economista defende penalização de externalidades negativas e incentivo a processos que gerem benefícios socioambientais.
“O mundo, hoje, é corporativo. Esta é a realidade. Então, por que as corporações não geram valor compartilhado e a economia de permanência? Corporações ainda atuam buscando maximizar o lucro privado ao custo das perdas públicas. Esse é o mantra das empresas e por isso não temos uma economia de serviços e de bem social.”
Essa provocação foi dirigida ao público empresarial presente na Conferência Ethos 360°, nesta quinta-feira (25/9), pelo economista indiano Pavan Sukhdev, CEO da Gist Advisory e autor do livro Corporação 2020. A obra prevê que as empresas no futuro possam se unir à sociedade num trabalho conjunto para alcançar objetivos comuns e construir uma economia verde, iniciativa que ele próprio coordenou dentro do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma).
Segundo o economista, o setor privado é estratégico para o desenvolvimento da economia verde, porque 74,3% dos empregos vêm do setor, mas precisa girar o foco para o bem-estar humano e para os aspectos sociais e ambientais. “As empresas não devem atender apenas os interesses de seus acionistas, mas de todos os stakeholders”, afirmou.
Sukhdev explica que os principais setores a serem incentivados de forma sustentável são a agricultura, as cidades, as edificações, a energia, a fabricação de bens, as florestas, a pesca, os transportes e o turismo. “A economia de permanência teria como objetivo a manutenção de serviços públicos e ambientais, garantindo os ecossistemas para o amanhã.”
Para a adoção desse novo modelo, o economista enfatiza que não podem ser esquecidas ações para a solução das externalidades negativas do setor privado em relação aos limites do planeta, principalmente os impactos ambientais. Entre eles, as mudanças climáticas e os que provocam a escassez de recursos, como água doce. “Se o problema são os impostos, então que tal taxar as coisas ruins, como a emissão de gases de efeito estufa (GEEs)?”, pergunta Ele citou que a Noruega mantém uma postura avançada ao taxar o uso dos recursos naturais, gerando US$ 850 bilhões para o desenvolvimento sustentável do país.
Ao mesmo tempo, de acordo com Sukhdev, “é necessário focar nas externalidades positivas, com o treinamento de pessoas, a ética permanente para ser fazer negócios e a criação de capitais sociais e ambientais”. O caminho do Brasil para a liderança nesse modelo econômico, segundo ele, estaria na criação de estímulos a segmentos como a produção do etanol, veículos movidos a bateria, a manutenção de cidades e edificações sustentáveis e o mercado de carbono, entre outras ações.
Veja a cobertura completa do evento em www3.ethos.org.br/ce2014/.
Por Sucena Shkrada Resk, da Envolverde, para o Instituto Ethos
Foto: Osíris Bernardino/Instituto Ethos