Produzida pelo Uniethos e pela Deloitte, a pesquisa foi apresentada em 26/5, no Banco Central, em Brasília, durante seminário com associações do setor.

No último trimestre do ano passado, o Uniethos e a Deloitte realizaram uma abrangente pesquisa sobre a adoção, por organizações financeiras, de políticas para gerir riscos e oportunidades socioambientais do seu negócio. Desse levantamento resultou o relatório “Sustentabilidade nas Instituições Financeiras: os Novos Horizontes da Responsabilidade Socioambiental”, que foi apresentado no último dia 26 de maio, em Brasília, durante um seminário do Banco Central com associações do setor.

Esse levantamento tornou-se ainda mais relevante diante do anúncio, pelo Banco Central, da Resolução nº 4.327, de 25 de abril deste ano, que dispõe sobre as diretrizes da política de responsabilidade socioambiental (PRSA) para organizações autorizadas a funcionar pela autoridade monetária.

De acordo com a resolução, as instituições financeiras deverão implementar uma PRSA compatível com seu porte, natureza do negócio e complexidade dos serviços e produtos oferecidos, bem como com as atividades, os processos e os sistemas adotados. E essa implementação tem um prazo definido: até 28 de fevereiro de 2015, para os grandes bancos; e até 31 de julho de 2015, para as demais organizações.

Essa medida se deve, em grande parte, aos resultados observados na primeira pesquisa sobre o tema feita pelo Uniethos em 2011 e também apresentada num seminário do Banco Central.

Estado atual das políticas

A pesquisa atual analisou as políticas de responsabilidade socioambiental de todas as instituições financeiras que atuam no Brasil e percebeu que a maioria das instituições está muito aquém dos grandes bancos do país, alguns dos quais vencedores de prêmios internacionais por sua atuação na área. Aliás, no que se refere à incorporação da sustentabilidade, o mercado financeiro do Brasil é considerado um dos mais avançados entre as economias emergentes.

Para fazer esse levantamento, foram analisadas todas as informações públicas sobre o tema divulgadas pelos sites e relatórios das organizações pesquisadas, as quais foram comparadas com os dados obtidos em 2011. Foram mapeadas a existência ou não de políticas de responsabilidade ambiental, a divulgação de relatórios e o tipo de política adotada em cada instituição.

Uma breve análise dos números apresentados indica que a adoção e a divulgação das políticas de responsabilidade socioambiental evoluíram pouco entre os dois levantamentos. Observou-se, por exemplo, que, dos dez maiores bancos do país, 90% adotaram PRSA (contra 80% em 2011). Mas somente 20% do total das instituições financeiras têm essa política (eram 15% em 2011).

Com relação a relatórios de sustentabilidade, 90% dos dez maiores bancos publicam o documento (80% em 2011), contra apenas 18% do total de instituições financeiras (10% em 2011).

De acordo com os resultados, as principais mudanças, tanto em relação à política quanto aos relatórios, ocorreram entre os bancos, incluindo os de médio porte, e nas centrais de cooperativas de crédito. Entretanto, na maioria dos bancos que adotam algum tipo de PRSA predominam as ações de investimento social, adotadas por 20% dos pesquisados. Tais ações incluem, por exemplo, projetos de apoio à comunidade de entorno, sem relação direta com as atividades financeiras da instituição.

Já 11% adotam ações para reduzir os impactos sociais ou ambientais de suas agências ou de sua sede, o que se caracteriza como política de gestão interna. O emprego de critérios sociais ou ambientais nas análises de crédito é adotado por 10% das instituições pesquisadas, enquanto a oferta de produtos ou serviços financeiros para estimular negócios sustentáveis existe em 9% delas.

Além de mostrar o foco, o atual estado e a evolução das PRSA mantidas pelas instituições financeiras, o relatório aponta as razões para que elas sejam adotadas, apresenta os principais riscos sociais, ambientais e de reputação para as organizações e indica como definir a política mais adequada para cada instituição.

Por Benjamin Gonçalves, do Instituto Ethos