O economista Jeffrey Sachs participou do lançamento da Rede Brasileira de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, em 17/3, no Rio de Janeiro.
Levantar exemplos positivos e apontar caminhos e soluções sustentáveis para problemas atuais enfrentados pelas cidades são os objetivos da Rede Brasileira de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (RSDS Brasil), lançada em 17 de março de 2014, em cerimônia no Museu de Arte do Rio (MAR), por organizações da sociedade civil, universidades, o setor privado e o governo. O evento contou com a participação de Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Columbia University e da Sustainable Development Solutions Network (RSDS Mundial), rede de discussão sobre o desenvolvimento sustentável que integra um plano internacional liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Também participaram da mesa Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS); Sérgio Bessermann, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro; Eduarda La Rocque, presidente do Instituto Pereira Passos (IPP); Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); Fabio Scarano, vice-presidente da Conservation Internacional; Padre Josafá Carlos de Siqueira, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Romildo Dias Toledo Filho, representando o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Eduardo Mendes Callado, vice-reitor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
O diretor da RSDS Mundial alertou que o modelo econômico brasileiro atual necessita de uma mudança muito profunda. “O Brasil precisa definir uma estratégia para um sistema civilizatório diferente, que envolva economia, meio ambiente e sociedade”, afirmou Sachs. “Algumas soluções locais podem servir de exemplos para outras regiões.”
Apesar da complexidade dos dilemas do Rio de Janeiro, as organizações envolvidas acreditam que a cidade possua inúmeras iniciativas bem-sucedidas de sustentabilidade que possam ser replicadas em outras regiões.
O Rio de Janeiro foi uma das primeiras cidades a fixar metas concretas e ousadas para redução das emissões de gases de efeito estufa – 20% até 2020 –, sendo que 8% das emissões já foram reduzidas. A cidadepossui um inventário de gases de efeito estufa (GEE) disponível para consulta e monitora a vulnerabilidade da elevação do nível do mar devido às alterações climáticas.
Na área de conservação da biodiversidade também há boas notícias.Desde 2012, a paisagem de Mata Atlântica voltada para o mar e para a baía de Guanabara, que inclui o Parque Nacional da Tijuca, o Corcovado e o Jardim Botânico, foi tombada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Uma área de 16% da região metropolitana já é composta por unidades de conservação.
Além disso, projetos deinfraestrutura urbana e transformação social, com foco em sustentabilidade, destinados a bairros de baixa renda, também se mostraram eficazes.
Iniciativas como essas provam que, ao unir esforços, a sociedade civil, o governo, a academia e o setor privado são capazes de modificar a realidade.
Assim, o Rio de Janeiro, por ter se mostrado aberto a esses processos de transformação, foi escolhido para fazer parte da Iniciativa de Cidades Sustentáveis. Com seus dilemas e experiências, é a primeira cidade brasileira na qual a RSDS Mundial irá atuar. Cidades como Acra (Gana), Bangalore (Índia), Nova York (EUA) e Durban (África do Sul) também fazem parte do projeto.
A RSDS Brasil pretende ainda aprofundar o debate sobre o tema, estreitar o diálogo com o setor governamental responsável pelas políticas públicas e desenvolver soluções em maior escala para consolidar uma cidade sustentável, inclusiva e resiliente.
Como parte da Sustainable Development Solutions Network (RSDS Mundial), a RSDS Brasil é formada, até o momento, por organizações como o Instituto de Economia e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ; o Programa de Graduação em Práticas de Desenvolvimento Sustentável (MDP Brasil) e o Centro Internacional de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da UFRRJ; o Programa Multidisciplinar Ambiental da PUC-Rio; o Instituto Pereira Passos (IPP); a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS); a Fundação Roberto Marinho; o Centro Rio+; o Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); a Rede Brasileira do Pacto Global da ONU; o Observatório de Favelas; a Conservação Internacional (CI); a UN Habitat; a Academia Brasileira de Ciências (ABC); e a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.
Discussões pós-2015
Lançada a pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em agosto de 2012, a RSDS Mundial tem como objetivo mobilizar especialistas da sociedade civil e dos setores científico, acadêmico e privado na busca por soluções sustentáveis para problemas de escala global, nacional e local. A proposta é acelerar processos de aprendizado em conjunto e promover métodos que aproximem as boas práticas existentes em diversos locais. A rede permite que líderes de todas as regiões e com experiências distintas interajam e garantam as estruturas necessárias nas tomadas de decisões.
A RSDS Mundial tem buscado contribuir com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados pela ONU e seus Estados-membros durante a Rio+20. O novo conjunto de indicadores pretende mostrar as diretrizes para o desenvolvimento sustentável depois de 2015, quando expiram os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), adotados globalmente desde o ano 2000 como meta de combate à pobreza extrema e outros males da sociedade mundial.
Por Gisele Paulino, para a RSDS Brasil
Neste vídeo (em inglês), Jeffrey Sachs fala sobre a importância da RSDS.