Trabalhar a sustentabilidade nas micro, pequenas e médias empresas é fortalecer a economia e impulsioná-la ao desenvolvimento sustentável.
“É possível trabalhar com sustentabilidade em MPMEs”, declarou Carla Stoicov, coordenadora-geral do Programa Valor em Cadeia do Uniethos, na mesa “Micro, pequenas e médias empresas: o elo forte de sustentação da economia, o elo frágil da cadeia de valor”, que abriu as atividades do palco Norte no segundo dia da Conferência Ethos 360°.
O Programa Valor em Cadeia, promovido pelo Uniethos e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – que também apoiou a atividade no evento, em que se deu o lançamento do projeto –, tem como principal objetivo melhorar o desempenho dos negócios, promover bem-estar entre os funcionários e incrementar a gestão ambiental das micro, pequenas e médias empresas.
Uniethos e BID ainda preveem estruturar um grupo de trabalho que reúna entidades empresariais do setor e outras organizações, além das que já são participantes da iniciativa, a fim de construir um plano estratégico de modelo de negócio sustentável e responsável. Até o momento, parcerias já foram firmadas com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e o Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP).
Micro, pequenas e médias empresas formam um importante pilar de sustentação da economia. Trabalhar a sustentabilidade nelas, torna-se, portanto, imprescindível para o estabelecimento da nova economia. Ainda impera uma crença de que sustentabilidade envolve um custo maior com pouco, ou nenhum retorno para os negócios e que desta forma apenas grandes empresas conseguem trabalhar a sustentabilidade em sua cadeia de valor. No entanto, segundo expôs Carla Stoicov, “ao trabalhar com sustentabilidade é possível colher competitividade”.
A mesa estudou questões críticas de dois setores com bastante concentração de MPMEs: construção civil e têxtil. Dois setores completamente diferentes, mas com questões críticas similares. Entre elas estão melhores condições de trabalho, combate ao trabalho escravo na cadeia de valor, fragilidades quanto à segurança no trabalho, gestão financeira e gestão de custos. A C&A, trabalhando com sua cadeia de confecções, e a Cyrela, com sua cadeia de construção civil, são empresas líderes que integram o Programa Valor em Cadeia.
Muitas empresas querem contratar seus fornecedores, geralmente MPMEs, pelo menor custo possível, o que prejudica o fornecedor a ponto de, em alguns casos, causar a quebra dessa pequena empresa. Israel Aron Zylberman, diretor executivo do Instituto Cyrela, alerta que “ter relação construtiva com o fornecedor é uma atitude extremamente inteligente, tudo o que se pode fazer na gestão para que não ocorra o desperdício de recursos é fundamental para o bem de todas as partes”. Um fornecedor fortalecido, consegue subsídios para oferecer um produto ou serviço com baixos preços, mas acima de tudo, com qualidade.
No setor têxtil, o Brasil é uma potência, mas com questões igualmente desafiadoras. O país possui a quinta maior indústria têxtil do mundo e é o quarto maior no varejo. Sendo autossuficiente em todo o processo de confecção, desde a matéria prima até a venda do produto final. A indústria da moda emprega hoje 1,5 milhões de pessoas no Brasil e é um setor muito lucrativo e que concentra muito investimento.
O principal desafio do setor para as MPMEs é a extrema informalidade, que afeta custos. Uma costureira, por exemplo, costuma receber por peças, sem nenhuma regularidade, e com baixíssimos custos. “Existe muita terceirização e quanto mais terceirizado, mais assimétrica fica a relação de poder”, afirma Nina Best, gerente de programas do Instituto C&A.
Se sua empresa estiver interessada em aderir ao Programa Valor em Cadeia, ainda há vagas para quatro organizações. Clique aqui e saiba como manifestar interesse em participar do projeto.
Por Letícia Paiva, para o Instituto Ethos.
Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes