O painel abordou a criação de uma norma para orientar compras sustentáveis e as iniciativas corporativas em torno do assunto.

Preço e qualidade não são mais os únicos parâmetros para uma companhia fazer suas escolhas junto aos fornecedores, pois a sustentabilidade tem que ser levada em conta. Durante o painel “Compras sustentáveis nas empresas – os benefícios, desafios e esforços conjuntos na cadeia de valor”, representantes de empresas e consultores discutiram o assunto que foi um dos destaques da Conferência Ethos 360°.

Gerente da Divisão de Planejamento de Compras da Itaipu Binacional, Daniele Tassi Simioni Gemael explicou que, em razão de sua natureza jurídica, a Itaipu é regida por sua própria Norma Geral de Licitação. “Essa norma foi alterada para poder incluir critérios de sustentabilidade”, explica ela. A alteração aconteceu em 2010 e determinou que “a aquisição de bens, contratações de serviços e obras poderão contemplar, preferencialmente, critérios de sustentabilidade ambiental e de promoção do desenvolvimento social e regional sustentável, bem como de padronização”. Foi criada também uma Política de Compras Sustentáveis que leva em consideração a geração de resíduos dos bens consumidos, a emissão de gases de efeito estufa, o consumo de energia e de água, assim como o nível de toxidade dos produtos. “Desenvolvemos ainda um comitê de compras sustentáveis com representantes do Brasil e do Paraguai e lançamos um plano de comunicação para informar sobre as mudanças”, diz ela.

De acordo com Daniele, em 29 meses de campanha interna mais de 300 colaboradores receberam treinamento. Atualmente 38 dos itens mais críticos de compras já são monitoradas pelo critério de compras sustentáveis, o que representa16% das compras da binacional e equivale a US$ 37 milhões.

Raquel Breda dos Santos, diretora do Departamento de Produção e Consumo Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, destacou o entendimento de que a licitação pública não é somente um procedimento administrativo de suprimento, mas deve ser orientada para implementar políticas públicas que levem a um padrão de consumo e produção que atenda ao interesse público e colaborem para uma sociedade mais justa e igualitária. “Os desafios para a implantação das compras sustentáveis passam por uma mudança cultural institucional, por maior disponibilidade e preço de produtos sustentáveis pelos fornecedores e por capacitação e treinamento das equipes, entre outros aspectos”, afirma ela.

Já o sócio-gerente da Sextante Consultoria, José Augusto Pinto de Abreu, falou sobre a importância da criação da ISO 20.400, norma referente a compras sustentáveis. “A norma que está sendo elaborada é um documento de diretrizes aplicável a instituições de qualquer porte e que deve ser publicada em 2017”, explicou. A norma está sendo formulada com a participação de 36 países e a colaboração de 15 nações como observadoras. Segundo José Augusto, entre os princípios que regerão essa ISO estão a transparência, o comportamento ético, o respeito pelos direitos humanos e pelo estado de direito, entre outros.

 

Por Adriana Carvalho, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes