Após receber denúncias de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro envolvendo hospitais, fornecedores e profissionais, instituições fortaleceram o compliance. E os resultados têm sido positivos.

A Conferência Ethos 360° entrou nos pontos nevrálgicos do setor de saúde no Brasil, muito marcado por casos de corrupção, como a máfia de órteses e próteses, conflitos de interesses de prestadores de serviços e fornecedores e problemas recorrentes com operadoras, cooperativas e planos de saúde.

Em uma conversa sobre o assunto, Gláucio Pegurin Libório, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (Abraidi), Edevard J. de Araújo, diretor de desenvolvimento da Unimed do Brasil, Carlos Figueiredo, diretor executivo da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), e Caio Magri, diretor executivo do Instituto Ethos, expuseram sua visão e mostraram o que vem sendo feito para reestruturar a reputação do segmento.

Libório relatou a experiência da Abraidi com a criação de mecanismos eficientes de prevenção e combate a condutas ilícitas em toda a cadeia de fornecedores. “Fizemos uma parceria com o Ethos em 2013, após o escândalo noticiado pelo programa Fantástico. Criamos uma rede de trabalho, engajando 170 empresas, Anvisa, Controladoria-Geral da União, Secretaria Nacional do Consumidor. A intenção é reunir todos os players por um acordo de integridade. Já temos resultados objetivos, como um canal de denúncia, com 1.140 entidades ou pessoas denunciadas”, disse. Para Magri, esse passo já muda o cenário e a rotina do setor, que sofreu sérios danos em sua imagem.

Figueiredo contou sobre o trabalho para construção do comitê estratégico de compliance, em processo de implementação em hospitais associados. “Após essa implantação, 60% das cirurgias foram dadas como desnecessárias. Estamos todos focados em combater desvios e conflitos de interesses. É preciso que os canais de denúncia, aliados à cultura de prevenção, entrem na rotina de todos os agentes do setor”.

 

Por Maíra Teixeira, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes