Acordos de integridade entre companhias de um mesmo setor econômico podem ser uma saída para a reestabelecer a confiança de investidores e alavancar receitas.

A Operação Lava-Jato e escândalos de corrupção foram assuntos fortes na edição de 2016 da Conferência Ethos 360°. No painel “Diálogos para uma ação de coletiva de integridade no setor de petróleo e gás”, especialistas concluíram que as empresas precisam se instrumentalizar e atuar de forma preventiva, criando departamentos e órgãos internos de compliance, com canais de denúncia.

Reynaldo Goto, diretor de Compliance da Siemens trouxe questões importantes sobre a responsabilização de companhias por atos ilícitos. “As pessoas jurídicas devem pagar pelos erros, sim, na forma de multas. E esse dinheiro deve ser usado para prevenir a corrupção, mais do que na investigação. Assim, a gente para com a dinâmica de enxugar gelo”, afirmou.

Maurício Bove, gerente jurídico do Instituto Brasileiro de Óleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), detalhou por sua vez o passo a passo na construção de um pacto entre no setor de óleo e gás, muito atingido pela Lava-Jato. “Temos um caminho formal, trabalhado. Avançamos na questão da confiança entre os concorrentes. Eles precisam sentar juntos, abrir suas fraquezas para não errar mais. A ação coletiva aponta para o fato de todos nós não fazermos mais negócios com quem tem conduta ilegal”.

Os debatedores enfatizaram que o comprometimento com a integridade, por meio de ações coletivas, gera ganhos imensos a toda a sociedade. Marina Ferro, assessora executiva da diretoria do Instituto Ethos, usou como referência o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), o qual conta com 800 signatários no Brasil e ajuda no embasamento de acordos entre setores que precisam se reequilibrar.

Entretanto, o combate à corrupção não fica na conta apenas de empresas: a atuação do poder público na fiscalização e punição tem de ser reforçada, de modo que a agenda progrida e o ambiente de negócios volte a ser confiável.

 

Por Maíra Teixeira, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes