Flávia Resende, coordenadora do Instituto Ethos, foi à Alemanha e esteve com especialistas para entender a estrutura de cidades inteligentes e participar de debates sobre o tema.
“A cidade inteligente é a cidade que está a serviço do cidadão”
(Jorge Muñoz, prefeito de Miraflores, Peru)
Em viagem recente à Alemanha, Flávia Resende, coordenadora de Práticas Empresariais e Políticas Públicas do Instituto Ethos, conheceu servidores públicos e representantes de empresas e organizações não governamentais que trabalham para a melhoria da mobilidade e o aumento da eficiência urbana.
De forma geral, cidades inteligentes se relacionam à área de tecnologia da informação, com o uso de big data ou estatísticas financeiras ou de escolhas feitas pela população, que podem auxiliar na tomada de decisão sobre a redução de custos e tempo e o desenvolvimento de novos produtos e negócios. O open data também torna possível a criação de soluções, por meio de aplicativos para celulares, por exemplo.
O conceito de cidades inteligentes pode variar bastante. O Cities in Motion Index do Instituto de Estudos Superiores da Empresa (Iese) definiu algumas dimensões que podem mostrar se um município se enquadra nesse conceito: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e tecnologia.
Em geral, as cidades inteligentes são conhecidas por sua alta conectividade e dependência de eficientes sistemas de gerenciamento e armazenamento de dados. De acordo com a DG Connect, da Comissão Europeia, elas têm infraestrutura digital e física, melhorando assim os serviços oferecidos aos cidadãos, como o uso otimizado de energia, com uma oferta maior de fontes renováveis, a elevação da eficiência do transporte, o aumento da transparência pública, saúde de qualidade e inclusão social urbana.
Para aprimorar a mobilidade urbana nas cidades, é preciso estimular a intermodalidade, ou seja, a integração entre diferentes meios de transporte (trem, metrô, bicicletas, carros etc.), a fim de otimizar o tempo de deslocamento.
Resumidamente, as dez medidas que podem ser implementadas pelas empresas para melhorar a mobilidade nas cidades são:
- Estimular a intermodalidade;
- Descentralizar atividades e flexibilizar o trabalho;
- Otimizar o número de deslocamentos motorizados;
- Fornecer incentivos a funcionários que adotam formas não poluentes de transporte;
- Estimular o aumento da taxa de ocupação de automóveis, por meio de compartilhamento;
- Oferecer programas de educação no trânsito para os funcionários;
- Tornar os espaços públicos ao redor da empresa mais agradáveis para estimular a caminhada e uso de bicicletas;
- Disponibilizar infraestrutura de apoio para paraciclos, bicicletas e vestiários;
- Promover campanhas de apoio ao uso de bicicleta e à prática de caminhada;
- Conscientizar sobre os benefícios do transporte ativo.
Essas e outras ideias foram apresentadas na Conferência Ethos 360°, que foi palco de dois interessantes painéis sobre o tema. O debate reuniu especialistas de organizações como Ibope Inteligência, Rede Nossa São Paulo, Instituto para a Competitividade do México (IMCO), entre outras, que apresentaram suas visões sobre quais são os desafios e as oportunidades para melhorar a mobilidade urbana nas cidades.
Mobilidade enfrenta resistências
Melhorias podem vir com as empresas
Direito à cidade
Entre os conceitos mais importantes, está o “direito à cidade”, proposto por Henri Lefebvre, sociólogo francês que, no livro O direito à cidade, definiu essa expressão como “um direito de não exclusão da sociedade das qualidades e dos benefícios da vida urbana”.
Em outras palavras, para Lefebvre, o direito à cidade vai além da habitação, do deslocamento e do uso de serviços básicos, já que também diz respeito ao prazer e bem-estar.
Portanto, as cidades inteligentes devem, antes de tudo, focar a melhoria da vida das pessoas. O uso da tecnologia e de novos modelos de negócios são ferramentas muito relevantes para proporcionar isso.
O FórumMobi
O Instituto Ethos e o Instituto Friedrich Naumann vão lançar em breve um novo projeto voltado para a mobilidade urbana e as cidades inteligentes: o FórumMobi. O projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – mais especificamente, ao objetivo 11, que dispõe de cidades mais inclusivas, seguras, sustentáveis e resilientes a desastres. Além disso, é transversal a outros pilares de atuação do Ethos: clima, direitos humanos e integridade.
Para mais informações sobre o FórumMobi, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone +55 (11) 3897-2412.
Foto: Paulo Whitaker/Reuters