A telenovela é assistida diariamente por milhões de brasileiros e pode ser uma arma poderosa para difundir a sustentabilidade.

Contribuir para mobilizar a sociedade para questões que envolvem a sustentabilidade não é algo recente na Rede Globo. A própria diretora de responsabilidade social da emissora, Beatriz Azeredo, lembrou a novela O Espigão, exibida há 40 anos, com alguns posicionamentos quanto ao assunto. “O Velho Chico já estava na cabeça do novelista Benedito Ruy Barbosa há algum tempo, a Globo entendeu a importância do tema e a colocou no horário nobre”, afirmou Beatriz.

Ambientado no que se refere ao assunto até mesmo graças às reportagens que fez pelo Rio São Francisco, José Raimundo, repórter da Rede Bahia, filiada à Rede Globo, disse que a valorização do cenário serviu para trazer para o dia a dia os desafios do local, além de estimular a consciência ecológica. Só para se ter ideia, “na época da seca, em alguns locais, nem as canoas conseguem navegar no rio”, anunciou o jornalista. Raimundo foi mediador do encontro que reuniu Ricardo Abramovay, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP; a jornalista Fabíola Moura, e Jorge Abrahão, vice-presidente do Instituto Ethos.

Se por um lado Abramovay comentou ser minoritária nos dias de hoje a figura do coronel – personagem da telenovela que abusa do uso de agrotóxicos na sua plantação –, de outro, o Brasil ainda desponta como o campeão no uso desses produtos nas lavouras. Assim, o professor alertou: “Nós somos senhores e mestres da natureza. E a natureza fala a língua da vida”.

“No que se referem aos agrotóxicos, consumimos veneno in natura, por isso é preciso que se olhem não só para a minha região”, complementa Fabíola. A jornalista que vive no semiárido brasileiro, lembra que o uso indevido desses produtos também tem origem na desculpa do clima: a seca, a grande culpada pela miséria do povo. Entretanto, Fabíola argumentou que a mudança desse cenário passa pelas mãos do consumidor, cada vez mais exigente em relação à qualidade do produto e preço, por isso essa situação tende a mudar.

Para motivar o debate, durante a palestra foram exibidas cenas da telenovela. Abrahão mencionou que elas poderiam se repetir em qualquer outro setor, fora o agro, uma vez que suscitam a falta de sustentabilidade. “A Globo trouxe a reflexão desses temas. Esta história sobre o Rio São Francisco, talvez seja apenas um marco para refletirmos e discutirmos as mudanças. Temos que continuar a avançar neste sentido para dar continuidade a transparência e a integridade no combate a essa questão”, finalizou o diretor-presidente do Instituto Ethos.

 

Por Zulmira Felicio, para o Instituto Ethos.

 

Foto: Clovis Fabiano/Fernando Manuel/Adilson Lopes