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Desigualdade digital reduz rendimentos e rebaixa atividade econômica

Pandemia intensifica o teletrabalho

20/07/2020

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A Covid-19 alterou profundamente o mercado de trabalho. Uma das principais mudanças ocorreu no trabalho realizado de casa por pessoas autônomas ou mesmo com vínculo empregatício. É o que analisa o boletim nº 16, realizado pela Rede de Pesquisa Solidária, para a iniciativa “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”.

Com a pandemia, o trabalho em casa mudou, em volume e em qualidade. O percentual de pessoas que trabalham a partir de suas residências saltou de 4,9%, em 2019, para 10,3%, em maio de 2020. Se em 2019 os autônomos eram 88,3% do total das pessoas que trabalhavam em casa, hoje representam menos que 15%.

Os tradicionais informais que trabalhavam em casa estão impedidos de trabalhar, dada a natureza de suas atividades. Como resultado, suas rendas caem continuamente. Além disso, há outras questões que têm impactado na renda dos trabalhadores.

A exclusão digital e o acesso precário às Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) – conjunto de recursos tecnológicos integrados entre si, que proporcionam, por meio das funções de hardware, software e telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios, da pesquisa científica e de ensino e aprendizagem – nos domicílios de baixa renda representam fortes limitações para o avanço do teletrabalho.

Observa-se ainda que é reduzido o uso da Internet para atividades do trabalho mesmo entre os brasileiros que venceram a barreira do acesso, o que indica que a falta de habilidades digitais, o que restringe o teletrabalho durante e provavelmente após a pandemia.

O chamado “teletrabalho” no Brasil, nesse momento de crise, é significativamente inferior à maioria dos países comparados, o que reduz ainda mais a atividade econômica e indica baixa capacidade de adaptação.

Mudança de Perfil

Antes da crise, o trabalho em casa era basicamente informal, pouco qualificado e mal remunerado. Agora, as pessoas que trabalham a partir de casa são mais escolarizadas e fazem uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC).

Os novos teletrabalhadores são, principalmente, profissionais com ensino superior, professores, gerentes, administradores, trabalhadores de escritório.

Dificuldades 

Para além dos desafios organizacionais e regulatórios, as desigualdades digitais limitam a expansão do teletrabalho. A presença de computadores (computadores de mesa, computadores portáteis ou tablets) é decrescente nos domicílios brasileiros, caiu de 50% em 2015 para 39% em 2019. Além disso, também se encontra presente em menos da metade das residências com renda familiar de até três salários mínimos. Assim, para a maioria dos domicílios de baixa renda, o trabalho remoto estaria limitado pelo uso do telefone celular, presente em 87% dos domicílios de renda de até 1 salário mínimo.

A banda larga é escassa entre os domicílios mais pobres, em que predominam as conexões móveis (3G e 4G), sendo que a disponibilidade de conexões mais rápidas é um fator crucial para uma troca de dados mais eficiente, facilitando a comunicação e ampliando a possibilidade de uso dos recursos digitais, afetando decisivamente seu desempenho no teletrabalho.

O uso da internet avançou rapidamente no Brasil ao longo da última década (chegou a atingir 74% da população), mas as disparidades de “segundo nível” ainda persistem entre aqueles que venceram a barreira do acesso. Nesse caso, é cada vez mais importante o debate sobre as habilidades ou competências para o uso das TIC, de modo que permita aos indivíduos aumentar os benefícios do uso e reduzir os possíveis danos/resultados negativos associados ao engajamento com o mundo digital. No âmbito das habilidades digitais, devem ser levadas em consideração tanto as competências operacionais necessárias para usar a internet, quanto as habilidades comunicacionais necessárias para compreender e usar o conteúdo online.

“A pandemia tem exposto reiteradamente lacunas da proteção social no Brasil. A regulação do teletrabalho é uma demanda recente que se origina das novas modalidades de trabalho puxadas pelo desenvolvimento tecnológico. De outro lado, a redução do tradicional trabalho em casa está na base de uma enorme redução de renda durante a crise, o que exige urgentemente alternativas para o atual modelo de proteção social”, destaca o documento.

Saiba mais sobre este e os demais boletins em: www.redepesquisasolidaria.org

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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