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Edição especial do boletim sobre a Covid-19 busca responder o porquê das mais de 100 mil mortes

Brasil já ultrapassa os EUA em número de novos óbitos por milhão de habitantes

18/08/2020

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Ausência de estratégia, desmobilização do Ministério da Saúde e a desorganização das políticas de testagem e de distanciamento social são alguns dos apontamentos que a Rede de Pesquisa Solidária analisa, em edição especial do Boletim para a iniciativa “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas da Sociedade”.

Muitos são os erros que culminaram em vidas perdidas demonstrando a coordenação fraca do governo federal na gestão da crise. “Desde o início da pandemia, a Rede destacou que o governo Federal não apresentou à sociedade uma estratégia clara e articulada de combate à Covid-19. Essa omissão se expressou na ausência de programas de testagem em massa, na reduzida distribuição de testes mais confiáveis no diagnóstico da doença, como o RT-PCR, na ausência de ações para identificação e isolamento dos casos suspeitos e no questionamento das políticas de distanciamento. A desorientação e subutilização do SUS, um sistema universal constitucional, a falta de transparência, assim como a amplificação dos desencontros entre os vários níveis de governo, deixaram a população desamparada e desguarnecida diante da gravidade da pandemia, com impacto direto na sua capacidade de prevenção ao vírus”, aponta o boletim.

Pontos que se destacam no levantamento feito pela iniciativa:

Testagem: apesar das inúmeras diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação à massificação dos testes, à identificação, ao isolamento e rastreamento de pessoas infectadas ou dos casos suspeitos, o governo federal deixou de elaborar e coordenar políticas públicas para proteger a população e salvar vidas.

Gerenciamento da crise: medidas de controle da pandemia, voltadas para a atenção primária, somente foram identificadas a partir de junho de 2020, com a criação de Centros de Referência no Enfrentamento da Covid-19, que fizeram uso apenas limitado das competências pré-existentes e dos instrumentos da saúde primária no Brasil. A desmobilização da rede de saúde da família, estruturada ao longo dos anos pelo Ministério da Saúde e pelo SUS enfraquece a resistência da população ao vírus, em especial de sua parcela mais vulnerável.

Distanciamento físico: na ausência de vacinas e medicamentos para curar os infectados, a OMS recomendou o aumento do distanciamento físico e a adoção de medidas econômicas e sociais que ajudassem a população a sobreviver em meio à crise e a permanecer em casa.  Desde março, de forma orquestrada, o governo federal adotou medidas para fragilizar as políticas estaduais e municipais voltadas para aumentar o distanciamento físico.

Desmobilização do Ministério da Saúde: as posições do presidente da República ignoraram ou reorientaram recomendações técnicas, descontinuaram a atuação do Ministério da Saúde com a substituição de dois ministros, flexibilizaram os serviços essenciais e reduziram até mesmo a obrigatoriedade do uso de máscaras, no mês de julho.

Priorização de agendas: ao equalizar a atuação na Saúde com a da Economia, o governo federal levou o país a confundir as prioridades. Ignorou que as perdas na economia seriam menores à medida em que a disseminação do vírus fosse contida mais rapidamente. Na Saúde, as medidas adotadas pelo governo federal se dedicaram, majoritariamente, ao aumento da capacidade de atendimento de alta especialização, como a habilitação de leitos de UTI. Na Economia, o investimento foi praticamente três vezes maior do que na Saúde.

“Em consequência, hoje o país se encontra em situação de alto risco. O Brasil registra 468 óbitos totais por milhão de habitantes (total acumulado até 08 de agosto), superado apenas pelos EUA onde ocorreram 487 óbitos, por milhão de habitantes. Mas, quando se observa o número de novos óbitos por milhão de habitantes, o Brasil desponta em primeiro lugar com 33 novos óbitos, colocando-se à frente dos EUA, que registraram 24 novos óbitos entre os dias 02 e 08/08”, destaca o documento.

Ao acessar o boletim especial é possível observar o desempenho do governo federal, a partir de um levantamento da Rede de Pesquisa Solidária que pesquisou cada ato do Executivo e do Ministério da Saúde desde o início das atividades de enfrentamento à Covid-19 e identificou a sequência de decisões supostamente voltadas para orientar a reação do país contra a pandemia.

“Como se pode notar, as vantagens que o Brasil possuía em termos de estrutura, experiência contra epidemias e mesmo a presteza de atuação logo na chegada do vírus, foram perdidas ou neutralizadas. Atrasos, imprecisões e ambiguidades passaram a desenhar o roteiro de uma grande crise”, evidencia o boletim.

Acesse o boletim especial em: redepesquisasolidaria.org

Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos

Foto: Unsplash

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